Quando e como usar paráfrases
Autor: Adrian Sgarbi. Tempo estimado de leitura: 4',12’’. Imagem: Pesquisatec
Recebi email de @Cameron com um problema. Aliás, um grande problema. Ele foi duramente criticado pela falta de critério quando cita autores e quando parafraseia. E pior; ouviu de um dos membros da banca que certas passagens tocavam o plágio, mas que poderiam ser corrigidas. O prazo para entregar a versão final está quase no fim e ele não sabe o que fazer. Disse estar lhe dando nos nervos.
Caro Cameron, saber citar diretamente ou parafrasear não é escolha tão difícil. É questão mais técnica do que algo do coração. Quanto ao plágio, tem jeito.
Portanto, acalme-se. Acho que posso ajudá-lo.
Sobre citações e paráfrases
Citações e paráfrases são partes fundamentais de dissertações e teses, pois permitem referenciar o posicionamento de outros autores de forma adequada (Lipson, 2006). É crucial entender a importância das fichas de estudo nesse processo.
Fichas de estudo
Fichas de estudo são instrumentos úteis para organizar informações e ideias relevantes (Buzan & Buzan, 1996). Elas têm três funções principais: 1) resumir ideias importantes; 2) registrar o que já foi lido e as impressões obtidas; e 3) identificar corretamente a origem das ideias.
Ao criar fichas de estudo, é importante separar os argumentos do autor que são úteis para sua pesquisa e suas próprias impressões ou ideias (insights). Além disso, é fundamental incluir informações completas da fonte consultada para evitar plágio (Lipson, 2006).
Citação literal vs. Paráfrase
A escolha entre citação literal e paráfrase depende do contexto e do propósito (Lipson, 2006):
CITE DIRETAMENTE:
Quando for difícil reproduzir a ideia do autor sem alterar o argumento original;
Para enfatizar a autoridade de um especialista em um debate;
Quando as palavras do autor forem consagradas ou muito conhecidas;
Quando as palavras forem historicamente relevantes e precisarem ser citadas tal qual se encontram.
USE PARÁFRASE:
Para simplificar textos longos ou complexos;
Para facilitar o entendimento de um texto original complicado;
Para excluir partes irrelevantes sem prejudicar o entendimento das informações do autor.
Dicas:
Assim, vamos às minhas dicas:
Primeiro: nas suas fichas sempre use aspas quando você estiver registrando as palavras do autor. Citação sem aspas é plágio. Daí que o melhor é você já ter um registro sem equívocos.
Segundo: uma boa paráfrase é menor do que o texto original. É dizer, ela ajuda a você registrar os bons argumentos do autor e condensá-los. Se a sua paráfrase estiver próxima em tamanho do quanto o autor escreveu, muito provavelmente você está plagiando. Entendeu?
Terceiro: a paráfrase é indicação de compreensão. Se você, sem olhar para o texto do autor, explica o que ele disse você está parafraseando. Logo, se você precisa ficar consultando o texto original para dizer o que nele está escrito, provavelmente você está plagiando.
Quarto: caso apareça algumas palavras idênticas no que você escreve e no que está no texto original, isso não é algo necessariamente ruim ou plágio. Algumas vezes a mesma palavra deve ser usada, pois se trata de termo técnico insubstituível. Contudo, a mesma palavra não é mesma frase, ok?
Quinto: não ter nenhuma referência ao autor usado é plágio. Neste caso, conta muito a impressão do avaliador após considerar o contexto global do seu trabalho. Isso pode ser considerado como um deslize corrigível (seu caso) ou cartão vermelho. Como está no plano das intenções, um arguente mais severo pode tornar a sua vida difícil neste ponto. Enfim, nunca descuide desse aspecto. Nunca mesmo.
Conclusão
Espero que eu tenha ajudado. Siga essas dicas que tudo ficará bem.
Ah Cameron, desculpe por ter pensado no personagem de Alan Ruck do filme “Curtindo a Vida Adoidado” (título brasileiro de Ferri's Bueller Day Off) ao ler o seu nome. É que o filme marcou a minha adolescência e a imagem ficou teimosa na minha cabeça. A única forma que encontrei para tentar tirá-la foi colocar algo do filme aqui.
Quer saber se deu certo? Não. Acho que terei que ver o filme novamente para ver se surte algum efeito.
Referências anotadas
Buzan, T., & Buzan, B. (1996). The Mind Map Book: Unlock Your Creativity, Boost Your Memory, Change Your Life. BBC Active. Buzan e Buzan (1996) apresentam técnicas e estratégias para melhorar a organização, a criatividade e a memória por meio do uso de mapas mentais. A obra aborda, entre outros temas, a importância das fichas de estudo na organização do conhecimento e na sistematização de ideias.
Lipson, C. (2006). Doing Honest Work in College: How to Prepare Citations, Avoid Plagiarism, and Achieve Real Academic Success. University of Chicago Press. Lipson (2006) oferece um guia prático sobre como realizar trabalhos acadêmicos honestos, abordando questões como a preparação de citações, a prevenção de plágio e a busca pelo sucesso acadêmico real. O livro destaca a importância das citações e paráfrases, bem como o uso adequado das fichas de estudo para evitar o plágio.
