O Que Ter em Mente ao Escrever

Autor: Adrian Sgarbi. Tempo de Leitura: 1’,55’’. Imagem: Pesquisatec

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Recebi uma mensagem de Carla P. que me intrigou. Ela é formada em letras, mas disse estar com dificuldades de escrever.

Ao ler a mensagem de Carla a minha reação foi de incredulidade. Como isso é possível? Afinal, Carla P. é formada em letras!

O ponto é que me distraí. Porque embora Carla P. tenha dito “…estou com dificuldades de escrever”, o que ela realmente estava dizendo é que "não conseguia entrar na maneira de pensar que a levaria a começar e terminar de escrever a dissertação”.

O que compartilho com você hoje é a essência da resposta que dei a Carla P.

O que a Academia espera

Ao escrever a sua dissertação ou tese, você precisa ter em mente que, no final das contas, é importante comunicar três coisas:

  1. O que você fez;

  2. O que você descobriu; e

  3. O que isso significa.

Para facilitar essa trajetória, a academia desenvolveu uma maneira de pensar que serve como um mapa para escrever, conhecida como IMRAD.

IMRAD

IMRAD significa Introdução, Método, Resultados, Discussão e Conclusão.

A lógica desse acrônimo, que foi desenvolvido lentamente durante o século 19 nas publicações acadêmicas, pode ser traduzida nas seguintes perguntas:

I = O que você pesquisou? M = Como você pesquisou? R = O que você encontrou? A = (e) D = O que a sua descoberta significa para o conhecimento existente?

Técnica do carona

Como aplicar isso à minha escrita?

O que a experiência mostra é que se você "segurar a mão do seu leitor", ele não se sentirá perdido. Sentindo-se "guiado" por você, ele tende a ter uma impressão positiva do que você fez.

Nesse cenário, a introdução e a conclusão são as partes afuniladas do seu trabalho. O que causa o afunilamento são seus propósitos.

Na introdução, você deve contar sobre o que trata a pesquisa e como distribuiu seus esforços na sucessão de capítulos.

Na conclusão, você deve dizer o que encontrou e por que isso é importante para o que já se sabe.

Ótimo! Ter isso em mente já ajudará a "entrar no clima" para que você possa comunicar o início e oferecer um fechamento adequado para o seu trabalho.

Por sua vez, durante os capítulos, a mesma postura de "guiar" o seu leitor deve estar presente. Para isso, há uma técnica fácil de aplicar. Chamo essa técnica de "técnica do carona".

A “técnica do carona” consiste em imaginar que você tem ao seu lado um "carona" no carro. Um carona que sempre deseja saber onde estão e para onde estão indo.

A técnica funciona assim:

Abra os capítulos com uma afirmação que situe o seu leitor onde ele está com você. Depois, diga o que vocês verão e qual a importância disso para a sua dissertação ou tese.

Tendo isso em mente ao escrever, o seu texto fluirá, porque o seu leitor sentirá que seus esforços foram bem encaminhados em cada etapa da sua trajetória de pesquisa quando chegarem ao ponto final.

Então, conduza a escrita com a nossa "Técnica do Carona". Mostre ao seu leitor o caminho.

E, quanto aos aspectos gramaticais...

Bem, evite os solavancos fortes.

Referência anotada:

  • Swales, J. (2004). Research genres: Explorations and applications. Cambridge University Press. Essa obra de John Swales é um estudo sobre os gêneros de pesquisa acadêmica e, em particular, sobre o IMRAD, que é um formato comum utilizado na redação de artigos científicos.

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